terça-feira, 29 de julho de 2014

ANÁLISE DA ANÁLISE DO BANQUEIRO

O analista do banco Santander disse que se Dilma ganhar as iminentes eleições diminuir-se-á a confiança do mercado na economia do país. Dilma ficou furiosa com a análise e repudiou esse tipo de pronunciamento tendencioso. Eu não. Eu agradeço, porque a análise do banqueiro confirma a polaridade entre os candidatos ao sufrágio. Mais do que nunca, agora, nós que não olhamos apenas para nossos umbigos sabemos em quem não devemos votar!
Aécio Neves ...
seria portanto o candidato que representa a confiança do mercado financeiro, esse mesmo que tem lucros estratosféricos superados a cada ano por um novo recorde de faturamento, em cima, claro, de nossas cacundas. O candidato que os bancos desejam representa, assim, a concentração de renda, e por conseguinte, o aumento da desigualdade social. A sua adversária representa em contrapartida a continuidade da distribuição de renda, a diminuição da desigualdade, a inserção dos historicamente excluídos, etc.
De forma clara, considerando os favoritos nesse pleito temos a direita contra a esquerda, os ricos-banqueiros-coxinhas-individualistas versus a classe-média-baixa-tilelê-igualitária. Considerando que o teu voto te representa, e na democracia ganha a maioria, no Brasil sabemos quem é a maioria.
(Max Hebert)

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O AMOR NOS TEMPOS DO NÃO


Adalberto foi um cara insistente. Sempre conseguia tudo o que queria com a birra, a lábia ou a insistência. Desde pequeno foram dando sinais ao Adalberto de que o ‘não’ era raro, e que não havia não tão não que não pudesse ser transformado em sim. Gostava de repetir aos quatro ventos alguns refrões de suas canções de juventude, proclamando lustradas fórmulas melodiosas de auto-confiança: tente outra vez; quem acredita sempre alcança, quem não arrisca não petisca.

Exceto com ela, que durante todos esses anos negou qualquer carinho e afeto ao Adalberto, seu admirador nada secreto. Mas Adalberto era moço bem humorado, decidido, intrépido nas suas escolhas.

Na quinta série Adalberto era franzino, com o rosto cheio de espinhas, desconjuntado, desinteressante, enfim, adolescente, e era natural que levasse um não da moça, que também nem era lá grandes coisas, mas figurava entre as mais-ou-menos da escola.

Mas como todos os que não são interrompidos, Adalberto cresceu, e ficou interessante. E de tanto insistir, malgrado os sucessivos nãos, conseguiu um dia o tão desejado sim. E porque conseguiu, foi procurar outros nãos para combater.

Pois pra Adalberto, amar é combater o não.