Adalberto
foi um cara insistente. Sempre conseguia tudo o que queria com a
birra, a lábia ou a insistência. Desde pequeno foram dando sinais
ao Adalberto de que o ‘não’ era raro, e que não havia não tão
não que não pudesse ser transformado em sim. Gostava de repetir aos
quatro ventos alguns refrões de suas canções de juventude,
proclamando lustradas fórmulas melodiosas de auto-confiança: tente
outra vez; quem acredita sempre alcança, quem não arrisca não
petisca.
Exceto
com ela, que durante todos esses anos negou qualquer carinho e afeto
ao Adalberto, seu admirador nada secreto. Mas Adalberto era moço bem
humorado, decidido, intrépido nas suas escolhas.
Na
quinta série Adalberto era franzino, com o rosto cheio de espinhas,
desconjuntado, desinteressante, enfim, adolescente, e era natural que
levasse um não da moça, que também nem era lá grandes coisas, mas
figurava entre as mais-ou-menos da escola.
Mas
como todos os que não são interrompidos, Adalberto cresceu, e ficou
interessante. E de tanto insistir, malgrado os sucessivos nãos,
conseguiu um dia o tão desejado sim. E porque conseguiu, foi
procurar outros nãos para combater.
Pois
pra Adalberto, amar é combater o não.
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