quinta-feira, 6 de novembro de 2014

FUJONA

Acaba de acontecer uma coisa inusitada. São 23 horas e 30 minutos, aproximadamente. Tendo em conta que as galinhas dormem por volta das 18 horas, já está na hora de elas estarem no terceiro ou quarto sono. Eu saio de casa sozinho como fiz no dia em que encontrei o lixo da Dona Ana K. B. Dax. Fui dar uma de notívago, fiz um tour na praça, recebi olhares, passei desapercebido por outros notívagos, e contornei o quarteirão, perto do Mercado Central. Quando tive uma visão inesperada. Impressionantemente, no meio de uma das principais artérias da cidade, vinha correndo na minha direção uma galinha. Virou a esquina de supetão, batendo suas asas em fuga. Uma galinha no meio da noite, quando deveria estar empoleirada, é como uma bola que quicando na rua anuncia que atrás vem uma criança. Atrás da galinha desesperada, naturalmente, vinha um gordo de camisa pólo vermelha listada de branco. Ele queria garantir sua propriedade, seu alimento, sua mercadoria, seu achado. Aquela fujona não ficaria impune. Passou um ônibus e assustou o galináceo, que deu meia volta, porém logo percebeu que no seu percalço estava, naturalmente, o gordo de camisa pólo. Ela mudou novamente a rota de fuga e, de novo, se assustou com os veículos. Perdi ela de vista por alguns segundos, e quando a revi, estava estrebuchando e batendo as asas porque fora atropelada. O gordo pegou a moribunda pelos pés, tomando cuidado para que não respigasse sangue nas suas roupas, e foi embora no lucro com o almoço de amanhã.

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